Montag, 20. Juni 2011

Aparições Sobre uma Mesa em uma Praia Inexistente.

Aparições Sobre uma Mesa em uma Praia Inexistente.

                                                                          Ruvan de Almeida

Aparição da face e uma fruteira em uma praia


Tudo sobre a mesa.

Uma toalha para cearmos,

uma corda que me permita trazer-te de volta, se é que partiste,

uma venda para que não veja teu sofrimento ou para amordaçar teu choro,

aparição de tua face,

as frutas, cabelos que certamente não são os teus,

sob teu olho a poça em forma de peixe

e em sua cauda a toalha desarrumada, como se fosse o lençol,

um cão para acariciarmos como nos acariciamos,

um fantástico horizonte, certamente irreal,

tantas cenas dantescas.

Teu olho não passa de um jarro entornado.

Minha pele morena, tua pele alva e aqueles que a perseguem.

Flagelo, faces que nem sei se são faces, corpos sem rosto.

Bilhas que rolarão à menor tentativa de arrumar.

Novamente a fruteira, diminuta mas está lá. Três peras caídas.

A eterna formiga...

A parede, parcialmente em ruínas que expõe teu sexo e teus amantes.

Figuras desgraçadas, descrentes do horizonte surreal,

Indivíduos de sonhos pequenos, vivendo à sombra do cão e paredes.

A corda pendendo na borda da mesa.

As frutas que tanto apreciamos.

Na praia de todos nossos romances de verão.

Seria um guardanapo para enxugar tuas lágrimas sobre a toalha?

E uma corda para que, me enforcando, não te fizesse mais sofrer?

Seria mera fuga para não enfrentar o que fiz?

Subterfúgio para negar tua indiferença?

Ou me culpo como teu álibi?

Seria um peixe para nosso jantar?

Vejo mais. Um coração imaginário sobre o qual são traçadas três letras.

À direita um lago.

Para trás a lua cheia.

Ao fundo, uma janela.

No alto, a Musa no balcão.