Donnerstag, 21. März 2013

Olhos Escuros

                             Ruvanbike
Olhos escuros
Tão bem emoldurados 
Sempre receosos
Olhos de mil bocas
Olhos cheirosos
De escuridão que iluminava todas noites
Olhos dicotômicos e apaixonados
De mil fogueiras ardentes de São João
Detém os frascos
Que contém a escuridão
Olhos sádicos
De mil praias, de mil praças
De gramados e cinemas
De confeitarias e conveniências
Olhos do teu ninho
De reticências e de carinho
Levam os desejos
e os segredos
Conhecedores do pavor
Deixam os pedaços
amontoados em qualquer canto
Olhos desprendidos
cheios de dúvidas
Olhos ciumentos
capazes de delírios 
jamais pintados por Dalí
Inesquecíveis e infinitos
Guardiões do desespero de mil Gritos.
Olhos cortadores de orelha
que se negaram a pintar
a tela colorada do meu sangue.
Olhos estúpidos de Gioconda
Daquelas noites bem passadas
De mil fotos mal tiradas
Os mais belos do mundo
Olhos abissais
Do oceano mais profundo
De masmorra e calabouço
Olhos que contém o inferno,
ainda que serenos
Olhos de mil pontes, 
precipícios, edifícios e venenos.
de mil portas e janelas.
De mil árvores e mil armas.
De mil facas e mil lâminas
De mil mares de mil águas.
De mil garagens e chiqueiros...
Olhos do quartinho e do quintal 
Olhos de mil fotos no vidro
de mil mensagens
e mil frascos proibidos
Olhos de mil ciúmes infundados
De mil nomes na agenda
De mil jantares e mil cinemas
De mil chicletes e mil telefonemas
Olhos malditos, sôfregos e insistentes.
De alguém que nem existe mais.

Keine Kommentare:

Kommentar veröffentlichen